Chegou-me uma questão pelo formspring.me. Aqui fica a pergunta que me foi feita e a sua resposta. Sintam-se à vontade para me colocar qualquer questão que tenham. :)
Olá. Pretendo candidatar-me ao curso de Tradução e Interpretação de LGP porém disseram-me que, como vou lidar com uma comunidade de surdos, precisava de ter seguido saúde e não o meu actual curso de humanidades. Sabes de alguma coisa? Obrigada. ~ Bruna.
Olá Bruna.
Quem te disse que precisavas de ter seguido saúde e não humanidades para seres intérprete de Língua Gestual Portuguesa?
Eu fiz o curso na ESEP e também tinha seguido a área de humanidades no secundário. Na altura em que entrei no curso de trad. e interpretação de LGP (em 2004) a prova de ingresso necessária era a de português, portanto tanto dava português A como português B e isso ainda se mantém.
Pela minha experiência e a das minhas colegas posso-te dizer que normalmente quem escolhe o curso de tradução e interpretação de LGP é da área de humanidades.
Até porque para se ser intérprete de LGP é importante dominar não só a LGP mas também ter conhecimentos profundos de português porque é sobretudo com essas duas línguas que uma intérprete de LGP trabalha. E ter conhecimentos de línguas estrangeiras também é positivo, para situações de interpretação em conferências internacionais, por ex.
Durante o curso são abordados conhecimentos de linguística da LGP e linguística do português e uma língua estrangeira pelo que ser da área de humanidades ajuda.
Normalmente que está na área de saúde e pretende trabalhar com surdos opta mais pela área de terapia da fala.
Se queres ser intérprete de LGP não há problema nenhum em seres da área de humanidades. A prova necessária é a de português, portanto tanto dá a prova de português A como português B. E, como te expliquei, o ser de humanidades não só não é impeditivo, como até ajuda à profissão de intérprete de LGP. :)
Quem te disse que precisavas de ter seguido saúde e não humanidades para seres intérprete de Língua Gestual Portuguesa?
Eu fiz o curso na ESEP e também tinha seguido a área de humanidades no secundário. Na altura em que entrei no curso de trad. e interpretação de LGP (em 2004) a prova de ingresso necessária era a de português, portanto tanto dava português A como português B e isso ainda se mantém.
Pela minha experiência e a das minhas colegas posso-te dizer que normalmente quem escolhe o curso de tradução e interpretação de LGP é da área de humanidades.
Até porque para se ser intérprete de LGP é importante dominar não só a LGP mas também ter conhecimentos profundos de português porque é sobretudo com essas duas línguas que uma intérprete de LGP trabalha. E ter conhecimentos de línguas estrangeiras também é positivo, para situações de interpretação em conferências internacionais, por ex.
Durante o curso são abordados conhecimentos de linguística da LGP e linguística do português e uma língua estrangeira pelo que ser da área de humanidades ajuda.
Normalmente que está na área de saúde e pretende trabalhar com surdos opta mais pela área de terapia da fala.
Se queres ser intérprete de LGP não há problema nenhum em seres da área de humanidades. A prova necessária é a de português, portanto tanto dá a prova de português A como português B. E, como te expliquei, o ser de humanidades não só não é impeditivo, como até ajuda à profissão de intérprete de LGP. :)
Bom dia=)
ResponderEliminarEstou em dúvida em qual curso irei ingressar na universidade e um deles é interpretação de LGP, gostaria que me dissesem se não é muito complicado arranjar emprego nesta área.E se é possivel trabalhar num hospital'??
Agradecia que me respondessem o mais rápido possivel =)
É possível uma intérprete de LGP realizar alguns trabalhos de interpretação num contexto da área da saúde (centro de saúde, hospital), mas são trabalhos pontuais.
ResponderEliminarO ministério da saúde não contrata uma intérprete de LGP para trabalhar a tempo inteiro num hospital, pois poderia acontecer a intérprete ficar dias inteiros ou semanas sem ter nada para fazer, por não ter aparecido nenhum paciente surdo naquele hospital durante todo esse tempo. Ou num dia inteiro aparecer apenas 1 paciente surdo, por exemplo.
Normalmente quando uma pessoa surda necessita de ir a alguma consulta hospitalar e se comunicar apenas por LGP (nem todas as pessoas surdas têm a LGP como meio de comunicação; algumas, por terem 1 menor grau de perda auditiva, foram mais estimuladas a optar pelo oralismo, ou pela leitura labial), a pessoa Surda ou leva algum amigo ou familiar que saiba LGP; ou contrata uma intérprete de LGP para o acompanhar nessa consulta pontual. Pode contactar algum familiar ou amigo que seja intérprete de LGP; ou contactar alguma intérprete de LGP que conheça e de quem tenha o contacto; pode contactar alguma associação de Surdos a pedir uma intérprete de LGP para aquela situação, naquele dia e hora e a associação, no seu leque de contactos, tentaria arranjar alguma intérprete de LGP disponível para esse dia e hora; ou pode contactar a ATILGP - Associação de Tradutores e Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa, que, na sua lista de centenas de associados, tentaria arranjar uma intérprete de LGP disponível.
Quando fiz o curso de tradução e interpretação de LGP, tinha uma colega que era enfermeira num hospital do Porto. Tinha o curso de enfermagem, trabalhava no hospital, e decidiu que seria importante, enquanto enfermeira, ter conhecimentos de LGP, para atender pessoas surdas que chegassem àquele hospital. Como o seu trabalho, como enfermeira, funcionava por turnos, ela tentou, durante o curso, gerir os seus horários no hospital com os das aulas (fazer o turno da noite para poder ir às aulas de dia) para que pudesse ir ao maior nº de aulas possível e concluir o curso de intérprete de LGP. Ela trabalha na área da saúde, mas como enfermeira, e se algum paciente surdo chegar aquele hospital, as colegas sabem que ela tem formação na área de intérprete de LGP e chamam-na para atender esse paciente.
Se gostavas de trabalhar na área hospitalar, podes seguir Terapia da Fala, por exemplo, pois há terapeutas da fala que trabalham em hospitais e, na sua formação, são encorajados a adquirir um mínimo de competências de LGP (apesar de, claro, não ficarem com um conhecimento profundo de LGP, nem a mesma fluência em LGP do que uma intérprete); ou então se queres trabalhar num hospital, a tempo inteiro e ter na mesma formação como intérprete de LGP, podes fazer o que a minha colega fez: 1º fez o curso de enfermagem e, já a trabalhar como enfermeira, fez o curso de intérprete de LGP.
Uma intérprete de LGP pode realizar trabalhos em contextos como a área da saúde,na área da justiça (interpretar um interrogatório ou audiência em tribunal num processo que envolva alguma pessoa surda); em exames de código e condução; em seminários, conferências, palestras; tv, ou outras, mas são trabalhos pontuais (não é todos os dias que alguma pessoa surda necessita de ir a um hospital; nem todos os dias que há algum processo judicial que envolva alguma pessoa surda, por exemplo).
ResponderEliminarPor isso a maioria dos intérpretes de LGP prefere trabalhar na área da educação, pois é 1 trabalho a tempo inteiro, mais certo, e não ocasional.
Apesar das intérpretes de LGP, à semelhança de formadores de LGP, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, psicólogos educacionais, serem profissionais contratados pelas escolas, com contratos com a duração de 1 ano letivo e terem, portanto, de todos os anos se sujeitarem a concursos de oferta de escola, sabem que, se ficarem colocadas nalguma escola, nesse ano letivo, têm trabalho todos os dias e a tempo inteiro (35h semanais) - ou mais horas até, se for necessário traduzir alguma visita de estudo, ou alguma reunião de conselho de turma, em que esteja presente algum formador de LGP, Surdo e seja necessário traduzir a reunião.
Há algumas intérpretes de LGP que trabalham no contexto educativo e que, em horário pós-laboral ou aos fins-de-semana, fazem, pontualmente, mais algum trabalho de tradução (traduzir alguma palestra, ou aulas de código,ou 1 casamento entre pessoas surdas, ou alguma reunião de condóminos de 1 prédio em que 1 dos moradores seja surdo, por exemplo).
Não posso dizer que seja fácil ou difícil arranjar emprego nesta área. Hoje em dia o mercado de trabalho está difícil para toda a gente.
Nesta área, há intérpretes que, saíram do curso e ficaram logo colocadas em escolas, outras que não tiveram a sorte de ficar colocadas nesse ano. Até porque as necessidades das escolas quanto ao nº de intérpretes de LGP pode variar de 1 ano para o outro (uma escola pode ter 5 intérpretes, por exemplo, mas alguns dos alunos surdos estarem a concluir os seus estudos. Com menos alunos surdos, no ano letivo seguinte essa escola pode abrir só 2 ou 3 vagas para intérpretes de LGP. Ou o contrário: uma escola ter 2 intérpretes, por exemplo, e no ano letivo seguinte receber vários alunos surdos, de diferentes anos de escolaridade e a escola ter necessidade de abrir mais dos que as 2 vagas para intérprete de LGP que tinha aberto no ano letivo anterior.)
Penso que, mais do que pensares na empregabilidade de algum curso, seria importante ponderares também os teus gostos, o que gostavas de fazer, e para que área ou profissão te sentes vocacionada.
Por exemplo, se eu tivesse pensado apenas na empregabilidade, teria ido para medicina, pois há falta de médicos. Mas sei que seria uma péssima médica porque não seria de todo a minha vocação (eu nem sequer gosto de ver sangue); e seria infeliz, a trabalhar numa área que não gostava e para a qual não tinha jeito.
O mercado de trabalho está mau para toda a gente, mas quando se faz aquilo que se gosta e se é bom naquilo que se faz, mais oportunidades de trabalho surgem.