domingo, 14 de fevereiro de 2010

História dos Surdos no Mundo - cont. - 3 - século XX

Século XX


1901 - Na clínica Politzer, em Viena, Ferdinand Alt inventa a prótese auditiva eléctrica, baseada na tecnologia do telefone.


1905 – O Instituto Municipal de Lisboa volta a ficar na dependência da Casa Pia. O Provedor adopta o método intuitivo oral, isto é, o método oral puro.


1910 – Os psicólogos Alfred Binet e Theodore Simon publicam um estudo sobre o valor do método oral onde afirmam que, no caso dos surdos, o pensamento se desenvolve antes da linguagem.


1911 – Expoente da escola alemã, na obra O método da pureza da oralidade, Johannes Vatter (1842-1916) não tem dúvidas: «só a estreita senda do método oral puro conduz a uma linguagem viável e adequada aos requisitos últimos da vida».


1912 – É publicado o primeiro catálogo de aparelhos eléctricos para a surdez.


1913 – Aurélio da Costa Ferreira, director da Casa Pia, organiza um curso de formação especializada para professores do ensino de deficientes auditivos, marcando uma tendência médico-pedagógica no ensino especial e oficializando o método oral em Portugal.


1914 – Max Goldestein inicia o Central Institute for the Deaf e cria o método acústico, uma abordagem áudio-oral da educação das crianças surdas.


Freiras franciscanas criam em Lisboa o Instituto da Imaculada Conceição, para meninas surdas.


1922 – Em Portugal, a secção dos Surdos-Mudos da Casa Pia passou a chamar-se Instituto Jacob Rodrigues Pereira.


1923 – Lohlan e Krauz constroem um vibrador de condução óssea.


1925 – Um engenheiro da companhia inglesa de telefones descobre que a transposição das frequências agudas na zona dos graves melhora a inteligibilidade da palavra.


1930 – Weaver e Bray demonstram que as respostas eléctricas registadas na proximidade do nervo auditivo de um gato eram similares em frequência e amplitude aos sons a que o ouvido tinha sido exposto.


1932 – Hugo Lieber aperfeiçoa o vibrador mastoideu, atingindo uma qualidade de reprodução que impõe o seu sistema até ao fim da 2a Guerra.


1933 – Meister ensaia pela primeira vez aparelhos amplificadores para facilitar a desmutização.


1934 – Um grupo de surdos cria no Porto o "Grupo Recreativo de Surdos-Mudos do Porto".


1935 – Malberle, Vilenski e Herman, no Instituto Nacional dos Surdos de Paris, propõem o uso de aparelhos individuais pelos jovens surdos.


1936 – Os investigadores russos Gersuni e Volokhov experimentam os efeitos da estimulação eléctrica da audição. Relatam que a audição podia ser produzida mesmo apósa remoção cirúrgica do tímpano e dos ossículos do ouvido médio, pelo que concluem ser a cóclea o lugar da estimulação, embora ignorem os mecanismos envolvidos.


É criado em Lisboa o Club Os Mudos. É muito provável que se conversasse por lá.


1941 – Pintner e outros fazem a revisão da informação disponível sobre a inteligência das pessoas surdas e concluem que, apesar de alguns resultados contraditórios, as crianças surdas têm uma inteligência inferior.


1945 – Até esta data a amplificação obtida era pouco eficaz nos casos de surdez severa e profunda. As necessidades da guerra trouxeram amplificadores electrónicos menores, mais fiéis e seguros. A Beltone desenvolve uma prótese auditiva que pesa 550 gramas.


1947 – O Instituto Araújo Porto passa a ser dirigido pelas freiras franciscanas e exclusivamente dedicado à educação de meninas.


1950 – Durante uma operação neurocirúrgica, Lundberg estimula directamente o nervo auditivo de um paciente que, todavia, não escutou senão ruído.


1951 – É fundada a Federação Mundial de Surdos (WFD) em Roma.


1952 – O professor Tato, da Universidade de Buenos Aires, descobre que deslocando as frequências uma oitava para os graves, alguns surdos ouvem melhor do que com o registo normal da palavra.


Diversas companhias colocam no mercado próteses retroauriculares (BTE), possíveis desde a criação do transístor.


1953 – Os estudos de H. Myklbust levam-no a atribuir uma natureza concreta à inteligência das pessoas surdas, considerando que a surdez restringe o aluno surdo ao mundo dos objectos concretos e das coisas.


Petar Guberina cria em Zagreb o método verbo-tonal ou SUVAG, de reabilitação áudio-oral. São fabricadas as primeiras próteses a transístores e são aplicados à amplificação sistemas de transposição e compensação de frequências.


1954 – É fundado o Grupo Desportivo de Surdos-Mudos de Lisboa.


1955 – Aparecem novos modelos de prótese auditiva, colocados num molde inserido na orelha, ligeiramente salientes (ATE).


1956 – Amílcar Castelo apresenta o primeiro trabalho, em Portugal, de avaliação da inteligência da criança surda. Os resultados do teste do labirinto de Rey apresentam 50% dos casos abaixo do limiar normal e as matrizes de Raven atribuem deficiência mental a 60% . A causa estaria na perda ou atraso da linguagem, deficit que implica a forma abstracta do pensamento para concluir que a criança surda não é deficiente mental e que os testes de performance são o meio mais adequado de avaliar a inteligência do surdo.


1957 – Djourno e Eyries são pioneiros da cirurgia correctiva da surdez neurossensorial. A colocação de eléctrodos no nervo auditivo durante uma operação permitiu ao paciente distinguir sons de diferentes tonalidades e palavras como papa, maman, allo. Os seus resultados pareciam mostrar que o nervo auditivo não podia ser estimulado com frequências superiores a 1 KHz, essenciais para a compreensão do discurso.


É criado o Colégio de São Francisco de Sales.


1958 – Em Manchester, o Congresso Internacional sobre o Moderno Tratamento Educativo da Surdez vem pôr fim ao longo monopólio do método oral puro na maior parte dos países europeus. E consagra a sua renovação, o método materno-reflexivo do holandês Van Uden.


Em Lisboa é fundada oficialmente a Associação Portuguesa de Surdos (APS), por despacho do Ministro da Saúde e Assistência.


1959 – As prótese intra-canal (ITE) tornam- se possíveis com o fabrico de pilhas muito pequenas.


1960 – William Stokoe (1920-2000), director do laboratório de pesquisas linguísticas do Gallaudet College desenvolve o conceito de querema como equivalente gestual do fonema e publica Sign Language Structure. Com este trabalho inicia-se o reconhecimento da ASL como língua genuína com uma estrutura complexa que ultrapassa em muito uma imitação rudimentar do discurso oral, como quase todos pareciam acreditar.


1961 – Nos EUA, o trabalho de Quigley e Frisina, depois de comparar o rendimento de crianças surdas filhas de pais surdos e de pais ouvintes, encontrou resultados superiores em vocabulário e soletrar dactílico bem como em rendimento educativo nos primeiros, enquanto os segundos eram superiores na inteligibilidade da fala.


1964 – O Paget-Gorman Sign System é utilizado pela primeira vez numa experiência de educação de surdos adultos. Trata-se de um sistema gestual artificial que respeita todo o sistema gramatical do inglês. Mais tarde foi usado com crianças surdas, deficientes mentais e motoras.


A Zenith fabrica e comercializa a primeira prótese com um circuito integrado.


Robert Weitbrecht, surdo, cria o telefone de texto, um aparelho que permite aos surdos comunicar por escrito através de uma linha telefónica vulgar.


Doyle relata a inserção de um feixe de quatro eléctrodos na cóclea de um paciente com surdez neurossensorial total. Os resultados foram considerados satisfatórios, o paciente conseguia repetir frases.


Furth publica Thinking Without Language, onde afirma que os surdos podem compreender e aplicar conceitos tão logicamente como as pessoas ouvintes. Os resultados inferiores em certas provas cognitivas devem-se tanto à falta de experiência do mundo como das próprias condições dessas provas que favorecem um background de domínio da linguagem oral.


É criado o Instituto de Surdos de Bencanta (Coimbra).


1965 – Surge o Cued-Speech ou Palavra Complementada, técnica criada por Orin Cornett, então vice-presidente da Gallaudet University. É um sistema de apoio à leitura lábio-facial que elimina as confusões e pretende tornar totalmente inteligível o discurso falado. Os gestos associados são totalmente desprovidos de significado e destinam- se a esclarecer a informação presente nos lábios, o que faz do CS um sistema oral.

Downs, Starrit e Squires, nos EUA, são os primeiros a propor e realizar o teste acústico neo-natal para despistagem da deficiência auditiva.


A Direcção-Geral da Assistência integra os Estabelecimentos de Educação Especial e cria dois centros para assegurar o seu funcionamento; o COOMP, Centro de Observação e Acompanhamento Médico-Pedagógico, para seleccionar as crianças e o CFAP, Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Pessoal, para a formação especializada do pessoal desses estabelecimentos.


É criado o Instituto de Surdos do Funchal.


1966 – Struckless e Birch concluem que a comunicação gestual precoce facilita o desenvolvimento linguístico das crianças surdas.


Em Portugal, o art.º 138º do Código Civil continua a dispor a interdição do exercício dos seus direitos a todos «aqueles que por motivo de anomalia psíquica, surdomudez e cegueira se mostrem incapazes de governar as suas pessoas e bens», que todavia só se exercerá no termo de sentença judicial. O interdito por surdo-mudez mantém plena capacidade matrimonial, testamentária e para perfilhar.


1967 – Roy Holcomb introduz a expressão Total Communication como filosofia de comunicação, não propriamente um método. A TC envolve diferentes modalidades comunicativas, oral, gestual, escrita, desenho, mímica, dependendo das diferentes necessidades das crianças e dos seus estádios particulares de desenvolvimento.


Portman, Aran e Yoshie identificam o potencial de acção global do nervo coclear, a partir de um eléctrodo colocado no promontório, técnica que passa a permitir medições objectivas da audição em crianças com poucos meses de idade.


1968 – São criados o Instituto de Surdos de Ponta Delgada e o Instituto de Surdos do Porto (depois Instituto António Cândido).


1969 – A Wilco alemã patenteia e fabrica a primeira prótese com microfone direccional.


É criado o Instituto de Surdos de Beja.


1970 – Vernon e Koh concluem que os filhos de pais surdos são significativamente superiores em rendimento académico, leitura, vocabulário e escrita aos surdos filhos de pais ouvintes. Mas, na sua maioria, esses valores são muito inferiores aos valores estabelecidos para os alunos normo-ouvintes.


Jewett descreve pela primeira vez o exame no homem dos potenciais evocados auditivos do tronco cerebral (PEATC), método que veio tornar possível a avaliação objectiva da surdez em qualquer idade e que é ainda o melhor método disponível.


1972 – Os circuitos integrados permitem o fabrico de próteses com processos de compressão e a redução dos ruídos do ambiente. Em Portugal, são criadas pelo ME as Equipas de Ensino Especial Básico e Secundário.

É eleito o primeiro presidente surdo da APS, Fernando Pinto.


1973 – A Divisão do Ensino Especial da DGEB/ME apresenta o Programa de Compensação Educativa. Estima-se que têm atendimento 80% dos surdos em idade escolar.


O normal é que o ensino primário seja cumprido nos estabelecimentos especiais, sob a tutela do MAS, durante oito anos. Depois são maioritariamente encaminhados para oficinas de treino profissional. Há 50 surdos profundos a frequentar o ciclo preparatório (com uma média de idade elevada). O programa propõe-se integrar mil crianças com qualquer grau de deficiência no primário e cem no 2º ciclo num período de seis anos. Para tal propõe-se também especializar um professor por cada 20 alunos (primário) ou por cada dez (ciclo preparatório).


É criada em Lisboa a APECDA, Associação de Pais para a Educação de Crianças Deficientes Auditivas, que vai introduzir em Portugal o método verbo-tonal, de reabilitação áudio-oral.


1974 – A renovação pedagógica em Portugal leva as Divisões do Ensino Especial da DGEB e da DGES, com apoio do Programa de Cooperação Luso-Sueco a fomentar a formação de docentes e técnicos, o desenvolvimento tecnológico e a investigação na educação dos surdos.


Criou-se a Delegação do Porto da APS.


1975 – Na Suécia, Inger Ahlgren inicia uma experiência envolvendo famílias de pais surdos e ouvintes de crianças surdas de utilização da língua gestual como primeira língua dessas crianças.


1976 – São constituídas as Equipas de Ensino Especial Integrado em Portugal.


1977 – Em França, Bernard Mottez chama a atenção para o «direito que os surdos têm de se constituir em minoria linguística».


1978 – Na Grã-Bretanha, o Warnock Repport chama a atenção para as crianças com necessidades educativas especiais e para a necessidade de as escolas criarem condições para o seu acolhimento no ambiente menos restritivo possível.


1979 – Ursula Bellugi e Edward Klima publicam The Signs of Language. Julia Maestas Moores estuda a comunicação gestual de crianças surdas filhas de pais surdos e encontra as mesmas sequências de desenvolvimento, interacção e de estádios linguísticos que se encontram nas crianças ouvintes.


Suzanne Borel-Maisonny, ortofonista, promove a primeira experiência pedagógica baseada no bilinguismo, numa classe com duas professoras, uma ouvinte e outra surda, apesar de tal ser, ao tempo, ilegal em França.


Em Varna, Bulgária, o 8º Congresso da WFD reclama ainda a melhoria dos métodos de ensino, melhores meios para o desenvolvimento das capacidades intelectuais e da expressão oral das crianças privadas da audição.


É criada a APECDA-Porto.


1980 – Para avaliar a situação da educação oralista cem anos após o Congresso de Milão, reuniu o simpósio internacional Oral Education Today and Tomorrow. O seu presidente, Van Uden, afirma na introdução das actas que a comunicação oral é a verdadeira opção para a pessoa surda.


Bornstein elabora um sistema bimodal chamado Signed English, para utilizar simultaneamente com a palavra falada. Recupera os gestos da ASL e acrescenta catorze marcadores para indicar o tempo, o plural, etc. e organiza o discurso de acordo com a sintaxe inglesa.


A Divisão do Ensino Especial da DGEB e o Lab. de Fonética da FLUL editam Mãos que Falam, de Maria Isabel Prata, primeira obra destinada a divulgar a Língua Gestual em Portugal.


1981 – Criação do Sign Writing.


1982 – Danielle Bouvet, em La Parole de l’Enfant Sourd, propõe uma metodologia de ensino bilingue, em que a LG é considerada como língua materna e a língua dos ouvintes como segunda língua.


O Secretariado Nacional de Reabilitação organiza o primeiro curso para intérpretes de LGP, orientado pelos monitores José Bettencourt e João Alberto Ferreira.


1983 – O governo sueco reconhece oficialmente a língua gestual como a língua nativa dos surdos suecos.

Primeira experiência portuguesa de bilinguismo verbal-gestual, promovida por Sérgio Niza, na escola de A-da-Beja.


1984 – A Universidade do Wisconsin e a Nicolet Corp. constróem a primeira prótese totalmente digital, transportada no corpo.


A Equipa do Ensino Especial Integrado da DGES-Aveiro organiza as 1.as Jornadas Científico-Pedagógicas sobre Deficiência Auditiva para reconhecer que «os surdos tendem a ficar prisioneiros dos dados perceptivos, a permanecer numa atitude concreta» e que «porque se não preveniu, há que remediar. E reeducação significa: diagnóstico precoce, aparelhamento adequado, desmutização, informação esclarecida e acompanhamento da família».


1985 – O Secretariado para a CEE da Federação Mundial dos Surdos divulga que três quartos dos surdos escolarizados da CE possuem níveis de expressão oral insatisfatórios para a comunicação quotidiana.


1986 – A Criança Deficiente Auditiva, Situação Educativa em Portugal, estudo do Serviço de Educação da FCG, chama a atenção para a necessidade de diversificar as respostas e metodologias educativas, em face dos resultados então recolhidos.


1987 – O Parlamento Europeu apela aos estados membros para que reconheçam as línguas gestuais e para que estes façam parte de educação das crianças surdas.


A Nicolet constrói a primeira prótese BTE digital. Só foram fabricados três protótipos.


1988 – O protesto estudantil “Deaf President Now” conduz I. King Jordan à presidência da Gallaudet University.


A Widex produz uma prótese digital com comando remoto manejável para conforto do utilizador e para programar o instrumento.


1989 –A Lei 9/89, Lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência estabelece que a pessoa surda é uma pessoa com deficiência e, como tal goza do direito à reabilitação.


1990 – Nos EUA, a Food and Drugs Administration aprova a realização de implantes cocleares em crianças a partir dos dois anos (posteriormente o limite desceu para os dezoito meses).


A Danavox introduz uma potente prótese no mercado com um sistema de supressão digital do feedback.

Em Portugal, o Decreto-Lei 35/90 define a obrigatoriedade da escolaridade básica para os alunos com necessidades educativas especiais.


1991 – O ministério da educação dinamarquês estabelece a possibilidade de todas as crianças surdas poderem estudar a língua gestual nas escolas como primeira língua.


Em França, a lei estabelece pela primeira vez como um direito a liberdade de escolha entre uma educação bilingue ou uma educação oral.


Em Portugal, o Decreto-Lei 319/91 vem instituir o Regime Educativo Especial, definindo uma orientação para todos os deficientes, que conduziu à integração generalizada dos surdos nas escolas regulares da sua área de residência.


É fundada, em Lisboa, a FEPEDA, Federação Europeia de Pais das Crianças Deficientes Auditivas.


É fundada, em Lisboa, a Associação de Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa – AILGP.


1992 – Primeira edição do Gestuário – Língua Gestual Portuguesa, do Secretariado Nacional da Reabilitação, por protocolo com a DGEB, trabalho coordenado por António Vieira Ferreira.


Na Bélgica, o Ministério da Promoção Social nomeia como peritos os primeiros professores surdos e responsabiliza-os pela organização do primeiro curso em língua gestual reconhecido oficialmente com o nível secundário. Na continuidade, foi organizada a formação de professores surdos, com a atribuição de diploma de regentes.


1993 – Nos EU é aprovado o Individuals with Disabilities Education Act (IDEA). O Departamento da Educação estabelece a Política de Inclusão, que garante a todas as crianças com incapacidade o direito a frequentar as escolas regulares locais. As escolas residenciais para surdos são consideradas meios muito restritivos e muitas fecham por falta de alunos. Mas o número de professores surdos aumenta 16%, com maiores oportunidades no ensino público.


No 1º Congresso Nacional de Surdos, reunido em Coimbra é aprovada a Carta Social da Pessoa Surda, onde se reclama que «seja reconhecido à pessoa surda o verdadeiro direito à igualdade, mantendo o direito de ser diferente, ou diferente mas igual».


1994 – A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais adopta a Declaração de Salamanca, que afirma a «importância da língua gestual como meio de comunicação entre os surdos (...) deverá ser reconhecida e garantir-se-á que os surdos tenham acesso à educação na língua gestual do seu país».


Em Portugal, a profissão de intérprete de LGP passa a constar da tabela nacional de profissões do IEFP.


1995 – Declaração de Consenso da NIH dos EUA conclui que crianças com IC apresentam progressos graduais e continuados na percepção e na produção do discurso ainda que ocorra uma substancial e inexplicada variabilidade de desempenhos. O acesso a serviços educativos e de reabilitação de qualidade é considerado crítico.


Em Viena, o XII Congresso da WFD não ignora que até agora «o objectivo tem sido mudar o surdo para torná-lo ouvinte. Por essa razão os Direitos Humanos não estão a ser respeitados no caso das pessoas surdas. O respeito pelos Direitos Humanos requer que cada ser humano seja visto como uma possibilidade e não como um problema».


1996 – A Resolução 48 da ONU acentua a necessidade de prever a utilização da língua gestual na educação, no seio das famílias e das próprias comunidades e garantir a presença de intérpretes como mediadores da comunicação. Na norma 6 chama a atenção para a especificidade da educação das crianças surdas, que pode aconselhar escolas especiais e classes ou unidades especializadas em estabelecimentos regulares.


A Widex lança no mercado a primeira prótese ITE totalmente digital e a Oticon apresenta uma BTE capaz de separar os sons em sete bandas tonais e que utiliza dois processadores de fala, um para as vogais e outro para as consoantes.


1997 – A Deafness Research Fundation propõe uma campanha nacional nos EU para conquistar a surdez, implantando o IC precocemente em todas as crianças surdas.


A Declaração de Nápoles – Carta Europeia dos Direitos dos Pais é proclamada pela FEPEDA que reclama informação completa, apoio de qualidade e participação na tomada de decisões.


Em Portugal, a Lei 1/97 introduz na Constituição a incumbência de o estado proteger e valorizar a LGP como expressão cultural e instrumento de acesso à educação e da igualdade de direitos das pessoas surdas.


1998 – Em resolução de 17 de Junho, o Parlamento Europeu reconhece as línguas gestuais como direito das pessoas surdas, apela ao seu reconhecimento pelos Estados membros e à formação de intérpretes de LG através dos programas de emprego.


Em França, o Congresso da FNSF propõe que a sigla LS passe a significar langue sourde em substituição de langue des signes.


O Despacho n.º 7520 da SE da Educação e da Inovação reconhece a necessidade de um ambiente escolar bilingue e define as condições para a criação e funcionamento das unidades de apoio à educação de crianças e jovens surdos em estabelecimentos públicos do ensino básico e secundário e da organização da competente resposta educativa.


1999 – A Assembleia da República aprova a Lei 89, que define as condições de acesso e exercício da actividade de intérprete de língua gestual.

1 comentário:

  1. Exmos. Senhores

    Vimos o seu blog o qual achámos muito interessante. O Elo Social é uma Associação de Apoio a Pessoas com Deficiência Mental na idade jovem e adulta, o Centro de Emprego Protegido do Elo Social depara-se com algumas dificuldades, fruto da emissão por parte do Estado do dec. lei nº 290/2009 determina que os actuais 300 trabalhadores com deficiência dos Centros de Emprego Protegido, que neles laboram há 10, 15 e 20 e mais anos, sejam lançados no desemprego daqui por 5 anos, pois a sua maioria não conseguirá inserir-se no mercado normal de trabalho. Por outro lado, prevê igualmente um conjunto de cláusulas tendentes à diminuição dos apoios financeiros do IEFP aos Centros de Emprego Protegido que irá por em causa a sua viabilidade económica e financeira. É por isto que lançámos a presente Petição e que apelamos à participação e colaboração de todos, para assinarem a Petição no seguinte link http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N2135 e divulgarem pela vossa lista de contactos.
    Melhores Cumprimentos.

    A Direcção
    Cremilde Zuzarte

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